
Na tarde da última terça-feira, 8, representantes de instituições ambientais, setor náutico e poder público participaram de uma reunião no Ubatuba Iate Clube para discutir os desafios e oportunidades relacionados à navegação responsável e à observação de mamíferos marinhos na costa do município. O encontro foi promovido pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur) com apoio de entidades, como o Instituto Argonauta, Aquário de Ubatuba, Instituto Baleia Jubarte e APA Marinha do Litoral Norte.
A reunião teve como ponto alto a proposta de criação de um conselho gestor, voltado à articulação entre sociedade civil e poder público, para tratar de temas relacionados ao uso sustentável do território marinho. A ideia, inspirada em experiências regionais, foi apresentada com base na composição atual do conselho gestor da APA Marinha do Litoral Norte, que conta com 24 vagas e representação de 37 instituições.
Um dos principais temas abordados foi o aumento expressivo de avistamentos de baleias-jubarte e outros grandes animais marinhos em áreas como o Arquipélago das Couves, Cumbirinha, Rafada e entorno das áreas portuárias. Segundo relatos técnicos, esse fenômeno é recente na região e exige atenção das autoridades e operadores turísticos.
A falta de dados sistematizados e de canais de comunicação entre órgãos ambientais, centros de pesquisa e operadores náuticos foi apontada como um obstáculo para o desenvolvimento de um turismo seguro e sustentável, por isso, ao longo da reunião, foi reforçada a necessidade de planejamento conjunto entre instituições como APA, Marinha, Defesa Civil e organizações da sociedade civil.
O secretário de Turismo, Bruno Oliveira, comentou que percebeu o surgimento da demanda a partir de questionamentos da imprensa sobre o tema. Foi então que começou a perceber que o município não tinha informações muito claras sobre o Turismo de avistamento.
Oliveira também mencionou diálogos iniciados com as cidades de Ilhabela e São Sebastião, que já estão avançando nesse tipo de turismo, e defendeu a construção coletiva de protocolos com apoio técnico das instituições ambientais. “Queremos garantir segurança, não só para os turistas, mas também para os operadores”, completou.
Durante o encontro, foi ressaltado o potencial da atividade como diferencial competitivo na baixa temporada, com impacto positivo na economia local. A experiência de ver animais como baleias-jubarte, raias móbulas e até tubarões-baleia foi descrita como transformadora, o que reforça a importância de investir em educação ambiental e ações de sensibilização junto à população e visitantes.
Foram sugeridos encaminhamentos como a criação de canais diretos de comunicação entre pesquisadores e setor turístico, ampliação dos encontros para outras regiões do município, além do sul, e o incentivo a práticas como o monitoramento participativo e a foto-identificação de cetáceos.
A reunião também incluiu falas de representantes dos institutos ambientais sobre condutas adequadas no turismo náutico, regras de aproximação de cetáceos e práticas educativas inovadoras que podem ser utilizadas em ações e Educação Ambiental.