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Projeto piloto da Educação de Ubatuba implanta aula de Libras no ensino regular

Projeto piloto da Educação de Ubatuba implanta aula de Libras no ensino regular

Motivados por fatores como a necessidade dos alunos com deficiência auditiva e surdez que estudam na rede municipal de ensino em conversar com os outros alunos que não dominam a Língua Brasileira de Sinais – Libras; promover a inclusão desses alunos e atender à exigência da Lei de Diretrizes e Bases – LDB, a sessão de Educação Especial da secretaria municipal de Educação de Ubatuba iniciou um projeto piloto – e pioneiro- no ensino de Libras na educação infantil com crianças ouvintes.

A iniciativa é motivada pela secretária de Educação, Elizabeth Isnard, que também tem em seu currículo anos de experiência com a educação especial, fator que só faz reconhecer ainda mais a importância da visibilidade sobre o tema.

Um dos precursores sobre abordagem do assunto na rede é Charles Prado, intérprete de Libras que atualmente trabalha na EM Olga Gil. Ele aprendeu a usar a linguagem em casa, pois seu irmão é surdo. De acordo com a sessão especial, ele foi um dos primeiros a destacar a dificuldade dos alunos que também apresentam o diagnóstico, pois chegam à escola e precisam ser alfabetizados e, além disso, aprender Libras. Outra questão é que a criança acaba não tendo com quem praticar. Por isso, sempre destacou a necessidade de proporcionar esse tipo de aprendizado.

O projeto

Inicialmente, são contempladas duas salas de maternal (3 anos) da Emei Helena Maria Mendes Alves, localizada no Ipiranguinha. As aulas acontecem duas vezes por semana no período da manhã, pois a docente responsável por elas é funcionária da Rede e leciona período da tarde, desenvolvendo a iniciativa em seu contraturno.

As aulas começaram há cerca de 15 dias e, no dia 1º de novembro, foi promovida uma reunião com os pais para conscientizá-los sobre o projeto.

A chefe da sessão de Educação especial, Malu Teixeira, comentou que as crianças chegam a ensinar não só os pais, mas também, quando dá um tempinho, correm na sala da coordenação e direção para ensinar as “pros”.

A rotina

A professora Tatiana Pinho dos Santos utiliza materiais lúdicos que também desenvolvem a psicomotricidade. Os conteúdos pedagógicos abordados são compatíveis ao aprendizado em uma segunda língua para a referida faixa etária.

A ideia é que, em 2019, seja promovido um encontro entre essas crianças e os cinco alunos surdos da rede para que possam manter um diálogo que vai, efetivamente, promover a inclusão.

Na prática

Belinha – a boneca surda fica sentada e os sinais são a maneira que as crianças têm para se comunicar com ela. Antes de começar o projeto, essa foi a maneira de explicar para os pequenos a importância de aprender Libras para se expressar.

A equipe da comunicação acompanhou a rotina na última terça-feira, 06, que começou com a música de bom dia. Em seguida, a “pro” relembrou os assuntos já ensinados, como cores, animais (com a música do senhor lobato) e, também, a canção que será apresentada na festa de Fim de Ano da escola.

A lição do dia era sobre família. A partir de cartas que combinavam imagem e sinais, um jogo da memória foi elaborado para que os pequenos assimilassem o conteúdo.

Outros jogos, como boliche das emoções e amarelinha das cores e números foram aplicados nas aulas anteriores com a mesma finalidade. O resultado é visível, pois muitas crianças já reproduzem os sinais assim que recebem o comando da professora.

“Eles são muito participativos. Mas como o tempo de atenção deles é curto, devido à idade, é preciso ensinar os sinais e promover uma brincadeira para assimilar. Ainda estou me adaptando na confecção das aulas”, afirmou Tatiana.

Ela compartilhou que foi na faculdade, por meio de um professor chamado Édipo, que se interessou pelo tema e decidiu se especializar.

Fazendo a diferença

A professora da sala, Vânia Alves Faria, reforçou o que é visível durante a aula: que os pequenos adoram. “Eles aceitaram bem a proposta e respondem muito bem à novidade. Na véspera da aula de disciplina, eu já relembro e eles ficam ansiosos”, disse.

Vânia também já teve contato com Libras enquanto cursava o ensino superior, pois uma colega de sala (que tinha irmãos surdos) era a intérprete oficial do grupo que, sempre que apresentava um trabalho, fazia a tradução simultânea. Desta maneira, seu interesse já é antigo e ela ainda pensa em iniciar estudos na área.

“É uma iniciativa importante e acho muito legal. Isso refletiu até no comportamento, pois a sala era um pouco agitada e, por meio da alteração na rotina eles já responderam positivamente”, garantiu.

Para a diretora da unidade, Cristina Vargas, é maravilhoso sediar o projeto Piloto na Emei Helena Maria. “Só de pensar que a nossa escola é piloto e ver acontecer, já estamos com mais ideias em cima disso. Até as professoras das outras turmas já estão reivindicando que aconteça na sala delas também”, comemorou.

Um assunto nacional

Nesta semana, uma matéria exibida no programa Fantásico abordou a visibilidade que as eleições 2018 deram à utilização de intérpretes de Libras em campanhas dos candidatos.

Na matéria, consta que, segundo o IBGE, 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou têm deficiência auditiva.

 

 

 

 

 

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