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“A possibilidade do Concurso fez de mim uma pessoa melhor”

“A possibilidade do Concurso fez de mim uma pessoa melhor”

Os olhos brilham. O riso é fácil. É nítida a alegria de viver da psicopedagoga Maria de Lourdes Teixeira Souza Franco, principalmente, ao desenvolver seu trabalho. Mais conhecida como Malu, ela e a família mudaram para Ubatuba por uma questão literalmente especial: a filha Camila.

A menina possui paralisia cerebral e além do stress de São Paulo, a dificuldade em realizar o tratamento, principalmente pela distância (eles moravam na Zona Norte e toda a estrutura da saúde está na Zona Sul da capital paulista). A busca pela qualidade de vida fez com que eles fizessem uma experiência de passar uns dias em Ubatuba, cidade onde o esposo de Malu já havia morado. A adaptação de Camila foi tão perfeita, que o casal e a filha mais velha, Carla, optaram pela mudança.

Malu se aposentou em São Paulo, mas devido aos gastos e estrutura necessária para dar suporte à filha, precisava de uma oportunidade. Enquanto ela não conseguia nada em Ubatuba, ficou afastada do trabalho por meio de licença. O marido prestou um concurso para professor e foi aprovado, assim como a filha que ingressou no Curso de Direito da Universidade de Taubaté.

Parecia que o Universo estava conspirando a favor.

“Consegui em Ubatuba todo o tratamento que eu não conseguia na Capital, pois devido à distância, Camila já chegava no consultório estressada, então, as práticas não faziam efeito. Além disso, Ubatuba foi acolhedora em todos os lugares. Os profissionais do PSF do meu bairro foram muito atenciosos e carinhosos com a minha filha e quando ela ficou descompensada por conta dos medicamentos, a médica sempre nos visitava. Até para a gente que ficava cansado e com dores musculares devido aos esforços com Camila, conseguimos encaminhamento no Postão e, após atendimento com o profissional Cadu, ficamos novos em folha”, relembra.

Além disso, a jovem frequenta a Apae todas as manhãs e também faz parte do PIC – Programa de Integração da Coletividade.

Concurso

Durante o processo de mudança, a profissional estava tentando se planejar e, então, veio a oportunidade do concurso. Malu, aos 50 anos, foi aprovada no Concurso Público realizado pela Prefeitura de Ubatuba em 2015 pelo sistema de cotas, criado e aprovado em 2014.

Para a função a qual ela se candidatou eram cinco vagas- das quais uma destinada para as cotas. Foi exatamente a oportunidade que ela precisava.

“Existe ainda uma visão muito ruim sobre cotas, mas para quem já sentiu na pele como são as coisas, é uma oportunidade. Não é o ideal, mas a realidade ainda é essa. Na verdade, as cotas não diminuem a capacidade de ninguém, mas são mais uma oportunidade para quem teve menos chances. O próprio concurso já é uma forma democrática, de oferecer mais chances de igualdade para todos”, opina.

Realização pessoal e profissional

A psicopedagoda se sente feliz e realizada com a vida que leva e comenta que tem consciência de que muita coisa precisa ser feita, mas que é gratificante ter a oportunidade de melhorar a qualidade do ensino com o atendimento multidisciplinar nas escolas – o que ela também considera um grande avanço para a população Ubatubense.

“Além de tudo isso, ainda somos contemplados com a beleza natural da cidade quando vamos visitar algumas unidades mais afastadas. Sou profissionalmente encantada, apaixonada. É um viés diferente do qual eu tinha como professora na sala de aula e hoje vejo que minha missão é ajudar. A possibilidade do concurso fez de mim uma pessoa melhor”, garante Malú.

A profissional, que tem em sua bagagem muita história para contar, decidiu dividir um pouco desse acervo escrevendo um livro, cujo título é uma homenagem ao educador Paulo Freire e que conta um pouco da sua luta pela inclusão. A obra vai se chamar “A Pedagogia dos Excluídos”, e, certamente, vai inspirar ainda mais pessoas a serem felizes e espalhar a alegria, assim como Malu.

O Avançar

O programa Avançar faz parte do Departamento de Formação Continuada e Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação. É formado por psicólogas, psicopedagogas e fonoaudiólogas e assiste com modelo educacional, oferecendo orientações a cerca de 2000 alunos, familiares e professores.  A dificuldade de acesso ao programa foi reduzida com as intervenções ocorrendo nas unidades escolares (todas as 54 unidades recebem a equipe dos profissionais recentemente).

Com as ações conjuntas com o CAPS,  identificou alunos autistas da rede e atualmente procede-se ao rastreamento de alunos com possível deficiência intelectual.

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