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Projeto de integração atende 450 alunos na piscina da Escola Municipal Marina Salete

Projeto de integração atende 450 alunos na piscina da Escola Municipal Marina Salete

Todos os dias, alunos de algumas escolas municipais de Ubatuba participam das atividades do PIC – Programa de Integração da Coletividade. A iniciativa contempla alunos da E.M. Marina Salete Nepomuceno do Amaral, alunos com deficiência, alunos da Apae e recebe alunos com dificuldades escolares (como dificuldade de aprendizagem ou agressividade, por exemplo) das unidades Governador Mário Covas, Professor João Alexandre, Prefeito Silvino Teixeira Leite e Madre Maria da Glória.

Cada grupo possui um horário pré-determinado, entre manhã e tarde, para participar do programa, que promove atividades de integração através do meio aquático e tem como objetivo a interação entre as pessoas.

“Há casos em que o aluno vai para interagir com os outros, para desenvolver atenção e para despertar outras modalidades de aprendizagem, porque existe uma que está bloqueada”, explicou Beatriz Campos Villaça, diretora do Departamento de Formação Continuada e Educação Especial da Prefeitura de Ubatuba.

A responsável ainda comentou que atualmente são 450 vagas e uma pequena lista de espera, que teve início somente em 2016 – contrapondo-se à realidade de 2012, época em que somente 150 crianças eram beneficiadas e que havia uma longa fila de espera.

Beatriz contou que no começo foi difícil reestruturar o programa mas, com o passar do tempo e de acordo com o desenvolvimento do trabalho, a equipe foi ganhando credibilidade.

Início

O PIC é um dos projetos que integra o Departamento de Formação Continuada e Educação Especial da Prefeitura de Ubatuba, criado em 2013 com o objetivo de organizar uma política pública municipal para alunos com necessidades educacionais especiais. “Se você cria uma política pública municipal que não seja consonante com a estadual e federal, ela não funciona”, alertou Beatriz. Ela ainda completou, dizendo que os projetos do departamento não interagiam com os demais programas da Rede Municipal de Educação, o que também era considerado uma dificuldade.

Contraste

O projeto funcionava em uma piscina alugada em que as atividades desenvolvidas não eram de exclusividade da Prefeitura – o que implicava em um custo mensal de R$ 8 mil. Nesse contexto, participavam somente alunos com queixas de saúde, como obesidade e problemas respiratórios. O local não possuía estrutura adequada para alunos com deficiência, como dificuldade de acesso aos cadeirantes, por exemplo.

Atualmente, o programa funciona na piscina da E.M. Marina Salete Nepomuceno do Amaral. Em 2015, foi instalado o sistema de aquecimento de água no local. Outra conquista do mesmo ano foi a designação de um funcionário somente para a manutenção e cuidados com a piscina.

Como funciona

As escolas indicam as crianças – as mais distantes utilizam o transporte da Secretaria de Educação para participar das atividades.

O desenvolvimento é feito com base em um tripé – trabalho clínico (especialista), educacional e familiar. Beatriz comentou que, se o processo falha, algum desses itens necessita de ajuste.

Atualmente são sete professores que promovem as atividades com os alunos na piscina. Muitos deles já trabalhavam com participantes desse perfil, pois atuavam em um projeto denominado Erói. “Hoje, os profissionais acompanham o desenvolvimento da criança, porque eles precisam entender, por exemplo, como lidar com as crianças que não prestam atenção – falando sempre de frente para elas, ou o contato com autistas. Hoje eles interagem”, comemorou a diretora.

Beatriz ainda acrescentou que o trabalho, muitas vezes, repercute mais na convivência familiar do que na escola, mas que esse tipo de ação transforma a vida de muitas pessoas e que isso é o mais gratificante.

Para a professora Ana Márcia Maciel Leite, carinhosamente chamada de “Nana”, com essa mudança, precisava haver também a transferência de característica de projeto vinculado à saúde para a de projeto essencialmente da educação. “Além de questões de obesidade e autoestima, trabalhamos com criança da tímida a muito hiperativa. É tudo junto e misturado”, brincou.

A aula

Para cada participante, o dia da aula é o mais esperado. “Muitas vezes, essa é a única oportunidade que a criança tem de descontração”, afirma Valdinei Natanael de Barros, mais conhecido como “Nei”. Ele é um dos professores que compõem a equipe que desenvolve os trabalhos no PIC.

O PIC também realiza algumas atividades esporádicas, como por exemplo, o Surf Acessível – organizado em parceria entre vários setores.  A iniciativa contempla os alunos da Apae em uma confraternização, que conta com atividades de surf e de banhos de mar utilizando cadeiras anfíbias, diante da presença dos pais e da comunidade.

A piscina como palco

Os atores principais dentro da piscina são as crianças, conduzidas pelos maestros na arte de conquistar e ensinar de forma lúdica. Um simples canudo de isopor vira um cavalo; ensinar a braçada correta lembra a pata de uma tartaruga; música vira aliada na hora de ensinar a respiração pela boca – o chamado “bolhão”. O segredo é entrar no Universo deles para atingir o objetivo esperado.

Todo esse cenário contribui para o desenvolvimento e avanço de cada participante: cada um com seus limites, a seu tempo. A melhor recompensa é clara: o carinho dos pequenos, demonstrado através de gestos, como um abraço apertado, ou por meio da confiança dentro da água, retratada em um olhar ou em um simples sorriso.

“Observar o avanço de cada um é gratificante. Algumas aulas exigem muito de nós e, quando elas acabam, sentimos nossa energia esgotada. Mas é tão gostoso der o desenvolvimento e a alegria deles, que passa a valer tanto que você nem liga se alguém é mal educado com você ou se você passa horas em uma fila”, confessou Nana.

Desafios e oportunidades

O programa também passou a oferecer bocha para cadeirantes, natação para cadeirantes e cegos, vôlei sentado e ainda há uma proposta de inclusão da modalidade “arco e flecha”. O professor que desenvolve esse trabalho (além das aulas na piscina), é um atleta paraolímpico e possui especialização na área do ensino a esse público com necessidades especiais.

Juan foi militar e após um acidente com uma granada ficou com sequelas na perna direita. Ele acabou se especializando por meio de cursos nos Estados Unidos para desenvolver trabalhos com crianças com necessidades especiais.

O atleta contou que procurou se aprimorar em esportes que trabalham com a parte superior do corpo, pois a maioria dos esportes trabalha com os membros inferiores.

“Além de utilizar o conhecimento junto às crianças com deficiência, atividades que desenvolvem os membros superiores e a parte superior do corpo contribuem no aprendizado de disciplinas, como matemática por exemplo e isso contribui com o desenvolvimento de todos”, explicou.

O professor também integra a equipe brasileira paraolímpica de arco e flecha e está tentando se classificar para a competição que acontece no Brasil em agosto de 2016.

Como incentivo, ele disse que já levou alguns atletas para conversar com os pequenos e revelou a que todo esse esforço e, principalmente sua própria experiência, é muito importante para motivar as crianças. “É o que a gente deixa para eles”, comentou Juan.

Retorno positivo

A mãe Fabiana Machado tem dois filhos, que estudam na E. M. Altimira Silva Abirached e ambos também fazem parte do PIC. Pedro Gonçalves Ribeiro, de 9 anos, e Claus Gonçalves Ribeiro, de 8, começaram a participar das atividades em 2015.

Fabiana avalia positivamente o resultado da iniciativa, pois após passar pela psicopedagoga, a profissional indicou que Pedro, sempre muito agitado em sala de aula, participasse das atividades do programa.

“Foi excelente para os meus filhos. O Pedro era muito agitado na escola e quando ele frequenta as atividades do PI  fica muito mais calmo em sala de aula”, comentou. Ela ainda destacou a competência dos profissionais, ressaltando que os professores são muito atenciosos e que o trabalho tem um ótimo desenvolvimento.

 

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