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2ª Jornada da Pessoa com Deficiência do Litoral Norte debateu esporte e terapias complementares

2ª Jornada da Pessoa com Deficiência do Litoral Norte debateu esporte e terapias complementares

Cerca de 250 pessoas participaram das mesas de debate da 2ª Jornada da Pessoa com Deficiência do Litoral Norte, realizada no Teatro Municipal de Ubatuba nos dias 28 e 29 de agosto.

A noite de abertura teve apresentação das alunas do curso de dança do ventre da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart) e da Experimental de Dança. As coreografias apresentadas contaram com a participação de alunas com deficiência.

Leovigilda Cesar, coordenadora da Unidade Integrada de Reabilitação (Unir), vinculada à secretaria de Saúde, fez um breve histórico da jornada, realizada pela primeira vez em dezembro de 2017, ano em que a Unir celebrou 20 anos de existência. “A jornada é um momento de reflexão e esperamos o fortalecimento da rede com o envolvimento das pessoas com deficiência”, destacou Leovigilda.

“Proporcionar atenção básica é a nossa missão. Isso resulta na melhoria da qualidade de vida das pessoas”, enfatizou o secretário de Saúde de Ubatuba, Roberto Tamura. “Hoje, em especial para as pessoas com deficiência, oferecemos tratamentos complementares e o esporte como ferramenta de inclusão”, acrescentou.

Os painelistas da manhã da quarta-feira, 29, relataram as experiências do uso de esportes no tratamento, reabilitação e inclusão social da pessoa com deficiência, destacando-se os projetos de Escola de Surfe (Prefeitura de Ubatuba), Acalento – Equoterapia (Associação de Apoio ao Desenvolvimento Humano em Caraguatatuba), Canoa para Todos (desenvolvido pelo Instituto São SebáVa’a em São Sebastião) e o Projeto Onda Azul de surfe para autistas, desenvolvido por Sandra Lamb também em São Sebastião.

Uso medicinal da Cannabis

Na mesa da tarde, o neurocientista Renato Filev, conselheiro Regional da Rede Latinoamericana de Pesquisa sobre Drogadição (Larneda, na sigla em inglês) trouxe um panorama do uso medicinal da Cannabis – nome científico da planta da maconha – e dos diferentes estudos que já demonstraram a eficácia de seu uso associado ao tratamento de doenças como a epilepsia, o câncer, a esclerose, entre outras. “O óleo obtido diretamente da planta tem se mostrado ainda mais eficaz que o medicamento importado, por conta do efeito ‘comitiva’, no qual outras substâncias presentes na planta atuam junto com as demais”, destacou.

Já o advogado Ricardo Nemer, da Associação Brasileira para Cannabis, relatou as dificuldades jurídicas e políticas para obter autorização legal para o uso medicinal da maconha e os avanços obtidos por familiares, pesquisadores e outros profissionais que se organizam em associações da sociedade civil.

O público se emocionou ao ouvir os relatos de João Corbusier, de Ubatuba, e Cida Carvalho, de São Paulo, sobre os benefícios evidentes do uso da Cannabis no tratamento de seus filhos. “A melhora clínica, cognitiva e de interação de minha filha após o uso do óleo da Cannabis foi enorme; ela começou a querer andar e conversar”, destacou João, relatando o caso de sua filha que tinha nascido com um tumor cerebral que resultava em inúmeros vômitos ao dia. “Os resultados impressionaram a própria equipe que a acompanhava, formada por gastroenterologista, neurologista e oncologista, que inicialmente via com desconfiança a Cannabis e depois resolveu estudar mais a fundo o uso da substância”.

Cidinha Carvalho relatou os avanços obtidos com o uso da maconha em sua filha Clárian, que tem Síndrome de Dravet e hoje está com 15 anos. Cidinha contou que as convulsões epiléticas da filha começaram aos cinco meses e meio, eram severas e duravam de 40 minutos a 1h30, com riscos de paradas respiratórias e cardiorrespiratórias. “Minha filha não ficava três dias sem crise. Logo da primeira vez que utilizamos a maconha, ela ficou 11 dias direto sem convulsionar. Ela também não transpirava, não conseguia andar sozinha sem se apoiar e nem subir escadas. Aos 11 anos, após quatro meses de introdução da Cannabis, ela transpirou e também pulou e dançou e hoje é esta adolescente que consegue se comunicar como vocês estão vendo”.

Com o apoio da Cultive Associação de Cannabis Medicinal, Cidinha conseguiu autorização da justiça para cultivar e extrair o óleo da planta. “Foi libertador saber que não ia depender da indústria farmacêutica ou de atravessadores e que estava garantindo para minha filha uma substância segura, orgânica, plantada com o amor do pai e da mãe”, afirmou.

“Saúde não é apenas ausência de doença, mas bem-estar pessoal, físico, emocional, mental, enfim, qualidade de vida”, finalizou Nemer.

 

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